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1 de agosto de 2019

Caridade, caridade, caridade...

Sabe do que a caridade é capaz? Imagine aquele abrigo sob a ponte, onde algumas famílias dormem, comem e fazem suas necessidades… O que lhe vem à cabeça imediatamente? Peraí… deixa que adivinho: o odor, certo? Agora imaginem uma pessoa com a carne em decomposição, coberta de feridas fétidas e rodeada de moscas… você lhe daria um abraço? São Francisco de Assis precisou vencer essa repugnância para abraçar, beijar e cuidar de um leproso pela primeira vez. A caridade tem dessas coisas, os odores, com o tempo, transmutam-se em perfumes franceses (“Gambanoir… Karnitza…) ou, ainda, no exótico perfume japonês, “Nhacapura”. A brincadeira é séria e é exatamente o que acontece quando se ama: o mau cheiro, a ojeriza e a vontade de sair correndo do lugar, transformam-se num desejo de morar com eles, curar-lhes as feridas, fazendo-os voltar a sorrir. Não se quer viver mais por outra razão nesta terra! Isso não lhe parece um milagre? E o é! O milagre mais “automático”, por assim dizer: Deus coloca no coração daquele que arregaça as mangas e começa a trabalhar por amor/caridade uma impressionante vontade de ir além. Isso vale para qualquer trabalho caridoso que vá edificar o seu próximo, seja no âmbito da assistência material, como citado aqui, sejam nos âmbitos conjugal, profissional, intelectual ou espiritual. Nestes dois últimos, diga-se de passagem, milhões de pessoas padecem na sua casa, na sua rua, na sua cidade, na sua escola, faculdade, em seu trabalho… Não precisa ir tão longe para ser caridoso. E, sem prejuízo, jamais se esquive de quem te pede esmolas. Ajude-os também! Sem essa de que “se eu der dinheiro ele vai tomar cachaça”… Vá além… tome uma com ele e pague a conta. Ele não é como um cachorro que só tem direito a comer e dormir. Seja leve e dê esmola sem frescura, sem cálculos e confabulações imbecis. Mas a proposta aqui vai além da esmola: seja caridoso(a) em casa, sirva sem fazer contas, aconselhe a quem está em apuros, repreenda quem está prestes a perder a alma, reze e penitencie-se por todos, todos os dias! Acredite-me! A força que você adquirirá a partir dessa vida na qual se morre a cada dia para si, vivendo cada vez mais para Deus e para o próximo, é uma força capaz de conduzir sua vida até a morte numa paz inabalável, seja a sua morte em ditosa velhice, seja por meio do martírio. Não fará diferença, a paz será a mesma! 

Já presenciei situações de trabalho, tempos atrás, em que um colega se negava a ensinar o que sabia por medo de ser substituído em sua função. Em situações assim é que você aprende como é que a banda toca: a banda toca todas as notas, só que sem DÓ e, nesse ritmo, evidentemente, alguém aprendeu seu serviço, ensinou o que pôde ao restante da “banda” e, na medida em que os trabalhos evoluíam, exigiam maior destreza da parte de quem o fazia e o pobre e egoísta colega acabou isolado (carreira solo?), sem função e em quadro de depressão. Sabe o que isso indica? Que nascemos para servir e ajudar o próximo, cada qual do seu jeitão. Uns mais quietos outros inquietos, uns indo ao encontro, outros rezando ou escrevendo… mas todos, sem exceção, são chamados a abraçar a cruz, aceitar de bom grado os sacrifícios e dores que a vida nos oferece para purgar nossos pecados (São Josemaría Escrivá ensina que esses são os tesouros que não podemos desperdiçar) e, apesar de todas as contrariedades, com um sorriso no rosto e sem temores materiais idiotas, servir e amar, sem medidas! 

Enfim, aprendi um pouco errado – digo, muito errado! – pela má influência da teologia da libertação (a qual mesmo eu não aderindo, ainda assim, me influenciava sem eu saber) que não deveria dar esmolas, mas orientar as pessoas a buscarem as bolsas dos governos vermelhos que eram suficientes para erradicar a pobreza no país. Ledo engano, basta uma leitura simples do Evangelho para notar Nosso Senhor a dizer que os pobres sempre teremos! Portanto, sem julgamentos supérfluos, ajude-os. Também aprendi errado, pelo instinto do pecado, que um pouco de egoísmo não faz mal a ninguém. Idiotice! Sirva, se doe, corra o risco de “se dar mal” (é desse tipo de mal que Deus sabe tirar um bem sempre absurdamente desproporcional). A caridade é uma dessas raras preciosidades que quanto mais se dá mais se tem. Foi o milagre natural que Deus deixou estabelecido no coração dos seres humanos, não se esquive dele! 

Na paz de Jesus e no amor de Maria,
Jeansley de Sousa

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