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31 de julho de 2019

Santo Imperador




Já ensaiei várias despedidas no blog. E isso parece contrariar um princípio que carrego de que devo fazer bem feito o que tenho à mão para fazer, sem desistir (nem aposentar), gastando-me e desgastando-me até o último suspiro. De desistências já me bastam as moradias das quais mudo tal qual nômade, ou, as faculdades que, facilmente, já me podem atribuir o título de PhD em Graduações pela Metade. Não raro, porém, mesmo aqui nesse blog, confesso a vocês que me bate a sensação de missão cumprida e de que nada mais tenho a acrescentar. Devo parar tudo e concentrar só no cuidado com os filhos que, para padrões atuais, são muitos (meus avós discordariam!). Ou ainda… surge-me o conforto de saber que existem outros fazendo mais e melhor do que eu... No entanto, em que pese a obrigação de rezar e se sacrificar por esses outros, para uma criatura de pouco talento como este escriba, cada fragmento desse dom precisa ser utilizado até o fim. Explorado ao extremo, sob pena de chegar o dia de prestar conta desse talento e eu devolvê-lo ao dono sem ter investido nada. Usá-lo-ei (mesóclise é chato, não?!) nem que seja para reescrever em outras palavras o que já escrevi tempos atrás; nem que seja para funcionar como despertador para uma ou duas almas ao longo de um ano... ou de uma vida... nem que seja para ser lido e relido por gerações futuras, quando eu já estiver tranquilão, assistindo tudo do Paraíso (Amém!). O fato é que, ultimamente, tem me batido uma "crise de trabalho" que eu não quero que passe nunca. Até o fim de meus dias! E minha ideia aqui não é outra, senão, conseguir contagiá-lo(a) também. 

A messe é grande e os trabalhos infindáveis, no entanto, nenhum serviço prestado, por menor que pareça, passará desapercebido pelo Senhor da messe. E no meu modesto trabalho de hoje, trago à reflexão o exemplo de um gigante movido pela simplicidade e devoção: Beato Carlos da Áustria. Relaxa que não encherei o texto com referências e datas de sua biografia, basta saber que se trata do último imperador do império Austro-húngaro, falecido em 1922, três anos e meio após o fim da 1ª Guerra. Ele foi o responsável por impedir que o Comunismo se instalasse na Áustria e na Itália. Se você observar no mapa que indica a quantidade de católico por países na Europa, vai notar que por onde o comunismo passou, o rastro deixado foi de ateísmo e ódio a Cristo e à Igreja, por onde influenciou pouco, há um número razoável de católicos e onde chegou só a faísca do capeta vermelho (porque sempre chega… até hoje, via marxismo cultural), as nações são majoritariamente católicas (é o caso, dentre poucas outras no velho continente, de Áustria e Itália). Chama atenção sua resignação e fé no fim de seus dias, em pleno exílio na Ilha da Madeira. Os moradores da vizinhança admiravam-no não por se tratar de alguém que muito trabalhou como oficial das forças armadas e que depois, se desdobrou como chefe de estado por mais de dois anos até a destituição e exílio, mas sim, por seu espírito de doação, caridade, afabilidade e justiça, mesmo em meio à miséria, à separação forçada da família e todos os desgostos que as traições políticas e a guerra lhe trouxeram. Em seus últimos dias, rezava reunindo a família (que com algum tempo de exílio lhe fora devolvida) e os vizinhos. Não rezava como um resmungão que perdeu tudo, mas como um bravo herói, prestes a conquistar tudo e mais um pouco… mas em outro reino. 

Em seu leito de morte, abatido por graves enfermidades e sofrendo febres descomunais, não perdia a ternura. Seguia seu trabalho confortando a todos e rezando valentemente. Um leve sorriso minado pela dor, uma oração entre suspiros… e entrega a alma esse grande homem e líder. Esse verdadeiro herói! E, para quem acha que os trabalhos se encerraram, em 1960, trinta e oito após sua morte, uma freira brasileira que há muito não podia levantar-se da cama em razão de varizes debilitantes, reza, pedindo pela beatificação do Imperador Carlos cuja história conhecera no convento. Dia seguinte, eis a freira de pé, sem nem sinal de que estivera sob cuidados médicos sob o fardo de uma doença avassaladora que lhe impossibilitasse os movimentos. A comunidade científica, os médicos e os curiosos… todos permanecem sem palavras para descrever o que viam! O milagre, após a rigorosa verificação contumaz do Vaticano, é aprovado e o imperador tornado beato. Agora, pedimos por sua canonização! 

P.S. A história do Beato Carlos chegou até o meu conhecimento através de um presente de aniversário que recebi de uma freira carmelita do convento de Cotia – SP. Por uma delicadeza da Providência Divina, minha esposa tornou-se amiga dela, apesar da distância, e obteve dela a garantia de que, de lá, rezaria por nossa família até o último dia de sua vida. Encerro este artigo rezando (rezem comigo…) uma Ave Maria por essa bondosa irmã cujo nome religioso é Irmã Maria Verônica da Sagrada Face. Ave Maria… 

Beato Carlos da Áustria, rogai por nós 
Jeansley de Sousa

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