Busca por palavras citadas neste blog

2 de fevereiro de 2016

Primeiro artigo da trilogia sobre o Céu: Um lugar chamado Céu dos céus


Grande problema na espiritualidade católica dos dias atuais reside na incompreensão da criação do Céu e da Terra. Não quero aqui dizer que seja possível compreender ou enxergar a origem do universo de forma precisa, como arriscam presunçosamente alguns cientistas, sobretudo os que defendem uma mera teoria (da Evolução) como se fosse lei; mas também não precisa ser tão retardado quanto alguns leigos que nunca se interessam pelas próprias origens, vivendo como se sabedoria fosse a filosofia de vida do Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar...”

Via de regra quando nós, católicos, pensamos em Céu, no Céu criado por Deus juntamente com a terra, conforme nos narra o livro de Gênesis, imaginamos apenas o que vemos nos céus que cruzam nossos horizontes, isto é, nuvens, estrelas, sol, lua… há quem leve a sério a lorota de que quando chove é porque São Pedro ligou a torneira (afinal, ele é o porteiro e, pelo visto, também o encanador!). Existem, em contrapartida, aqueles que afirmam que Céu não é lugar, mas estado de espírito, portanto, não há qualquer realidade material por lá (aliás, não existe um “lá”, pois “lá” seria um lugar). Em que pese tal afirmação retirar de nossas mentes o “céu de nuvenzinhas, cheia de gente lerda a pisá-las, rodeada de anjinhos gorduchos da bochecha rosada”, nossa mente não é capaz de imaginar um nada material, absolutamente invisível, que seja Céu simplesmente pela realidade espiritual.

Santo Agostinho nos ensina que o Céu (por ele chamado em seu livro Confissões: Céu dos céus) é o lugar de habitação de Deus e dos anjos, lugar criado juntamente com a terra. Esta mesma terra em que vivemos e que, quando criada era informe e vazia, antes do início dos tempos. A partir de então, o Gênesis segue narrando de forma alegórica porém detalhada, a criação que se seguiu aqui no universo material cognoscível, deixando de lado as criações do Céu. Neste contexto, povoemos o Céu com outras informações de que dispomos agora: a Igreja afirma, dogmaticamente, que lá estão presentes de corpo e alma Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Os demais: anjos (que, por natureza, são puro espírito) e santos, cujos corpos permanecem nessa terra, só estão presentes no céu espiritualmente, no entanto, após o julgamento final, ressuscitarão também na carne e habitarão o Céu tal qual Jesus e Maria, ou seja, de corpo e alma! Haverá lugar para uma multidão, pois Nosso Senhor garantiu que na casa de Seu Pai existem muitas moradas! Deu inclusive a maior dica que um investidor poderia dar: em vez de juntar tesouros por aqui, juntá-los por lá, onde a traça e a ferrugem não podem destruir.

Feita toda essa análise, voltemos a imaginar o Céu como um lugar. Ou seja, rodamos, rodamos e paramos no mesmo ponto… só que agora é diferente: não se trata do céu de nuvens, nem de São Pedro encanador, os anjos também deram uma espichada, são grandes e fortes (isto quando por bondade divina, se deixam visualizar). Trata-se, portanto, de um lugar, porém, de “outro lugar” tanto diferente de nossa habitação, quanto diferente de nossa imaginação! Os olhos não viram e os ouvidos jamais ouviram! Inacessível humanamente falando! Mas não podemos negar tratar-se de um lugar, afinal, nele existe matéria (os corpos glorificados de Jesus, Maria e, futuramente, os de todos os santos). O próprio Cristo nos garante a existência de seu Reino por lá, afirmando, categoricamente, que tal Reino não é deste mundo! Portanto, coragem! Precisamos conquistar este Reino do Céu com todas as nossas forças, pois este lugar pertence aos violentos, ou seja, àqueles que, mortificando os próprios sentidos, orientaram toda a sua vida na busca por este tesouro imperecível. Confiemos em Jesus Cristo, Sabedoria encarnada, Caminho, Verdade e Vida, afinal Ele veio de lá e deu seu testemunho de lá. Não podemos perder nosso foco neste precioso alvo: busquemos o Senhor com todas as forças mediante a oração, os sacramentos e a penitência até o fim de nossas jornadas nesta terra.

Tudo bem… eu sei... imaginar um lugar absolutamente distante dos olhos e que nem mesmo com toda tecnologia e ciência da terra se possa alcançar é missão impossível. Lutar com todas as forças, desfazendo-se inclusive de incontáveis delícias dessa terra, para conquistar este longínquo Céu parece algo tão abstrato quanto inatingível! Tentemos, então, facilitar um pouco: quem sabe esse Deus que faz o Céu ser tudo o que é (pleno, glorioso e eterno), possa estar, Ele próprio mais perto de nós do que imaginamos? E quem sabe este caminho tão curto para achá-Lo, ouvi-Lo e nEle permanecer possa ser ensinado por alguém que tenha feito tal experiência neste mundo? Na próxima reflexão, Santa Teresa D'Ávila dará umas dicas do que fazer para encontrá-Lo e já começar, ainda que de forma imperfeita nesta terra, a encontrar o tesouro e tocar o Céu.

Na paz de Jesus e no amor de Maria,

Jeansley de Sousa

Um comentário:

  1. Link da parte 2: http://sanctus-domini.blogspot.com.br/2016/02/a-antessala-do-ceu.html

    Link da parte 3: http://sanctus-domini.blogspot.com.br/2016/02/adentrando-o-castelo.html

    ResponderExcluir

Visualizações de página