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9 de julho de 2019

Um conselho: cuidado com os conselhos!

Dia desses observava uma conversa entre um rapaz e uma moça (não sou fofoqueiro, portanto, guardarei os nomes e o local onde estava, mas a história é facilmente perceptível em inúmeras situações). O rapaz ensinava com aparente autoridade sobre como passar em um concurso, sobre os métodos bem sucedidos de estudo, disciplina e memorização e sobre a vida, de um modo geral, sabe? Daqueles conselhos “inovadores e surpreendentes” do tipo: “Vá atrás do seus sonhos… Seja feliz e o resto não importa… Busque fazer só o que te dá prazer...” 

O filósofo Olavo de Carvalho ensina sobre um fenômeno comum no Brasil que ele denominou ‘Paralaxe Cognitiva’ (calma que eu não estou fugindo do assunto. Já volto na história do rapaz e da moça). Paralaxe é um fenômeno da astronomia. Quando não é possível estender uma régua para medir a distância entre a Terra e outro corpo celeste, ou passar-lhe uma fita métrica calculando o diâmetro, aparelhos de observação são colocados em pontos determinados da Terra e a partir de tais observações e do triângulo que essas observações simultâneas e equidistantes proporcionam, é calculada a distância aproximada entre o corpo observado e o nosso planeta. Ou seja, ante a impossibilidade de se tirar uma medida real, objetiva, direta, recorre-se à paralaxe. Já a paralaxe cognitiva ocorre quando as coisas são definidas pelo indivíduo não partindo de sua experiência real, mas a partir do seu distanciamento da experiência. Na maioria das vezes ocorrem aberrações, as pessoas passam a definir o elefante a partir de conjecturas e opiniões coletivas que jamais podem ser contrariadas (a “inteligência” coletiva não o permite) e passam a chamar de louco o sujeito que foi ao zoológico, viu o elefante e o define de maneira totalmente diferente dessa coletividade. 

Certo… Você quer saber do diálogo do rapaz e da moça! Pois bem, o rapaz é um pé rapado, que vive em depressão, jamais passou em um concurso e tem uma dificuldade enorme de entender as coisas mais elementares nos livros em que passa a vista e sequer conclui a leitura. É indisciplinado e sua vida é um lamento desagradável. Mas na hora de ensinar sobre como obter sucesso e realização tanto pessoal quanto profissionalmente... o cara é um “mestre”. A moça, aparentemente ao menos, parecia encantada com os conselhos. Fica fácil entender como a plateia de um auditório chora ao ouvir semelhante discurso vindo de uma celebridade, pouco importando se a tal celebridade está prestes ao suicídio, em prova contundente de que a balela que está contanto não possui significado objetivo algum. Uma simples pergunta e a argumentação do jovem (ou da celebridade) iria por água abaixo: “Por que você não aplica isso à sua própria vida?” ou ainda… “E se aplica, por que não funciona nunca?”. 

O objetivo do presente artigo não é atacar pessoas assim, que você deve conhecer aos montes. Apesar de que, para o bem delas próprias e, sobretudo, de seus interlocutores, mereçam ser desmascaradas (na lata!). Tampouco, viso te fazer desiludir da possibilidade de seguir modelos. A ideia é apenas que você seja criterioso: o número de charlatões e falsos líderes que existe por aí, só não supera o número de idiotas úteis prontos a os seguirem! (postei isso nas redes sociais, dias atrás). Observe bem e seja criterioso mesmo! Analise se a vida da pessoa que lhe ensina a ter boa vida é uma vida boa mesmo. E aqui não falo de prazeres, riquezas, poderes… falo da paz e da coerência da vida e, ainda, do sucesso sob a ótica pontual e objetiva, isto é, se o cidadão ensina a educar bem os filhos, primeiro ele precisa ter filhos – não pode ser abortista! – e tê-los, notadamente, bem educados. Se ensina a administrar bens, necessariamente ele deve possuir bens e tê-los, patentemente, bem administrados. Você não vai pegar dicas do tipo “mantenha seus cabelos limpos e sedosos como os meus” com um careca, certo? Este é o ponto exato onde você estabelece bons modelos e destrói falsos profetas. 

Em suma, seguindo bons e comprovados modelos (e os santos o são, por excelência) e, humilde e sinceramente, aprendendo e dizendo aos quatro cantos que você não sabe de tudo e por isso os tais modelos te são tão essenciais, você será um(a) gigante. Os humildes serão exaltados! Por outro lado, se você for um pedante, orgulhoso, ou, ainda, um ignorante e ingênuo pronto a seguir tais pedantes, seu futuro é a desilusão, a depressão, o desespero... Conselhos boçais apenas te tornarão um tosco, e quando você o notar, a vergonha vai ser de doer e o caos da tua vida talvez já seja irreversível. 

Grande abraço, fiquem com Deus e até a próxima, 
Jeansley de Sousa

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