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14 de outubro de 2011

Onde há fumaça há fogo.

Começarei este artigo citando duas frases do Papa Paulo VI ao Jornal Osservatore Romano nos anos de 1968 e 1973 respectivamente: “Tem-se a sensação que, por alguma abertura, tenha entrado a fumaça de Satanás no Templo de Deus” (30/6/1968 - Osservatore Romano); “A abertura ao mundo foi uma verdadeira invasão do pensamento mundano dentro da Igreja. Talvez nos fomos por demais fracos e imprudentes”. (23/11/1973 - Osservatore Romano). Apesar do espaço de tempo decorrente entre uma afirmação e outra, nota-se evidente correlação entre ambas e esse assunto (abertura ao mundo e abertura à fumaça de satanás) foi tema recorrente nas entrevistas do Papa a este e a outros meios de comunicação de seu tempo. Trata-se, portanto, de uma preocupação constante no pontificado deste sucessor de Pedro.

O presente texto não visa identificar pessoas ou instituições que porventura tenham respirado a fumaça maligna ou a tenham espalhado pela Igreja, tampouco criar uma nova instituição com a finalidade de combater incêndios ou algo similar. A ideia deste é apenas compreender a origem de tal fumaça na certeza de que onde há fumaça há fogo. E, após identificado o fogo, romper de uma vez por todas com ele em nossas vidas, buscando a santificação e alertando os demais irmãos para que também o façam, a fim de que, por conseguinte, também a fumaça seja extirpada do Templo, afinal, como diria São Felipe Neri: “É possível restaurar as instituições com santidade, e não restaurar a santidade com as instituições.”

Não é difícil notar que a liturgia e a Missa que santificou tantas almas por séculos foi aos poucos sendo substituída por uma “Missa Nova” (não me refiro ao Novus Ordo, pois se o mesmo fosse seguido à risca, sem invenções e presepadas, seria ótimo) que hoje impera em toda Igreja e banaliza a liturgia, fazendo da mesma objeto da criatividade meramente humana e não mais sinais da ação de Deus. A questão que fica no ar é: será que essa brecha que foi sutilmente aberta não se encontra hoje escancarada e por esse motivo vamos de aberrações em aberrações a ponto de termos paródias de músicas pornográficas dentro de nossas igrejas como se isso fosse necessário para a santificação de alguém? Será que essa abertura é tão abstrata ou é uma brecha que você abre também, caro leitor?

É um grande erro querer trazer os mundanos (com suas práticas ora pagãs ora imorais) para dentro da Igreja sem proporcionar meios para que haja verdadeira conversão. É, de fato, como sugeriu Paulo VI, uma imprudência e uma fraqueza de quem evangeliza, permitir que o pensamento mundano entre na Igreja. Há, portanto, uma missão que supera a simples busca por “culpados”: CATEQUESE. Isso! Catequese! Os mundanos convertidos precisam ser catequizados a fim de compreenderem que a vida do homem velho ficou para trás, não cabendo manifestações pagãs ou imorais nem mesmo disfarçadas de cristãs, quanto mais vida dupla. Aqui é Igreja. Aqui é vida nova e diferente. Aqui é cruz. Aqui não é lugar de balada. Se o amor de Cristo não for suficiente para te conservar aqui combatendo o bom combate até a morte... então vaza! Pois nós (Igreja Católica) não vamos fazer papagaiadas com a nossa liturgia para agradar pessoas que não conseguiram se desligar dos hábitos mundanos. E esse desligar dos hábitos mundanos é um trabalho que se inicia em uma primeira evangelização, para ganhar base consistente e aprofundada na catequese.

Identificado o problema: papagaiadas na Igreja; bem como a solução: fim das papagaiadas para agradar não convertidos, acrescida de catequese de aprofundamento para os mesmos, parece até que chegamos a uma solução simples. Por que então a solução não foi adotada desde o primeiro momento de preocupação de nosso Romano Pontífice? Respondo: por causa de outro e maior problema: uma parte considerável dos catequistas (temo que a maioria) é mundana. Quando falo dos catequistas refiro-me a todos aqueles que na Igreja exercem o ministério de ensinar, seja no sentido estrito (os bispos), seja no sentido amplo (padres, religiosos, leigos catequistas ou líderes de movimentos e pastorais em geral). Reforço que não citarei nomes pois dirijo-me a você que neste momento lê este texto. Em que medida você é responsável pela entrada da fumaça de satanás no Templo de Deus? Em que medida você tem compactuado com realidades mundanas, pagãs e imorais como festas de Halloween, Carnaval, músicas depravadas, novelas e programas de televisão que agridem a fé e a moral cristã? Em que medida você tem sido conivente com práticas que não apenas representam a fumaça mas o próprio fogo do demônio? Consegue perceber que o problema das papagaiadas na igreja tem raiz em um apego às coisas do mundo e de satanás não curado ainda? O que você tem feito para combater esse fogo em sua própria vida bem como na vida de seus irmãos (mediante conselhos, repreensões e orações)? Acredito, para minha tristeza, que a maioria das pessoas que exerce alguma liderança na Igreja não possui esse ímpeto no verdadeiro combate contra as trevas pois está dessas mesmas trevas impregnado. Vivendo um relativismo moral e de fé que impossibilita sequer enxergar maldade no lugar onde o mal está presente da forma mais avassaladora.

Com uma realidade secular totalmente corrompida por contra-valores, os temores de Paulo VI acabaram por se concretizar: a mentalidade mundana infiltrou-se (e infiltra-se com muito mais voracidade nos dias de hoje) na Igreja. Nessa perspectiva, nossa missão não consiste em atacar fumaça ou procurar quem dela esteja impregnada, mas em libertarmo-nos do fogo de satanás, ajudando nossos irmãos para que façam o mesmo. Assim, a brecha que um dia se abriu (e hoje está escancarada) começará a fechar. Pela santificação de cada membro do Corpo de Cristo. Ainda que tenhamos como consequência alguns desertores neste combate, que optarão pelos prazeres de uma vida na carne. Apesar dessas perdas, o combate precisa ser travado.

Às armas (sobretudo a Eucaristia e o Rosário) e bom combate a todos!
Jeansley de Sousa

7 comentários:

  1. Para que fique claro e público: DECIDI não gostar de nada que ofenda nosso Deus e nossa Santa Igreja. Exemplificando e já quase desenhando para ser o mais claro possível: não gosto de músicas promíscuas, não gosto de pornografias, não gosto de programas de TV anticristãos ou imorais de qualquer natureza ou canal e não gosto de carnaval. Este último “não gostar” refere-se a decisão recente, uma vez que analisei os males tanto no que tange à fé (pelo paganismo ou sincretismo religioso sempre presentes sob disfarces culturais), quanto no que tange à moral (pela promoção da sensualidade e o constante apelo ao prazer pelo prazer e ao sexo desregrado e irresponsável). Não torço mais por escola de samba alguma, torço, isso sim, para que outros católicos venham comigo, dêem esse passo a mais rumo a Nosso Senhor no afã de alcançarmos a salvação de nossas almas, que é o que verdadeiramente importa nesta vida.

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  2. Não se deve confundir evangelização com adequação ao mundo. Não é a Igreja que deve se adequar ao mundo e seus prazeres, e sim, o contrário. Comumente vemos bandas 'católicas' parodiando músicas depravadas, ritmos que incitam orgias e destruição, colocando letras que falam de Deus. Eu pergunto: quem se converte com tal letra? Ou ainda, quem presta atenção no que é cantado? Isso não é evangelização! Pelo contrário, você está alimentando o mundo, inventando um outro Cristo, uma outra Igreja, criando uma imagem de Cristo 'muito doido', funkeiro, metaleiro, de uma Igreja moderninha que oferece milagres o tempo todo e não me impõe nada, um lugar onde supre minhas necessidades mundanas disfarçado de católico.
    Quem nunca ouviu falar que alguém que procura seguir fielmente os ensinamentos da Igreja, que está buscando sempre o silêncio e a oração, que obedece em tudo a fé e a moral católica, inclusive quanto aos métodos naturais de contracepção, seja de uma "ala" mais conservadora da Igreja? Meus caros, isso não é descrição de um católico conservador, isso descreve um CATÓLICO! Devemos ser CATÓLICOS! É obrigação de todo católico a total obediência a Cristo e Sua Igreja, a oração, a participação em todos os domingos da Santa Missa, a vivência dos Sacramentos, o cumprimento dos mandamentos, enfim, esse é o ensinamento deixado por Cristo, e dentro da Igreja não deve existir "alas mais liberais" e "alas mais conservadoras". Um dos problemas está na busca da 'liberdade', da 'felicidade'. Querem uma Igreja que se conforme com seus gostos musicais, seu estilo de vida e suas vontades. A felicidade prometida por Deus não é nesse mundo, não é unindo os prazeres do mundo com a Igreja que você encontrará a felicidade. A felicidade não é a diversão! A verdadeira felicidade está em sofrer nessa Terra, em ser desprezado pelo mundo, caluniado, perseguido por causa de Cristo e Sua Igreja, essa é a verdadeira e tão almejada felicidade, a recompensa pelo combate, a felicidade eterna. Enquanto caminhamos 'gemendo e chorando nesse vale de lágrimas', nossa missão é proclamar a vontade de Deus, trazer de volta ao seio da Igreja os irmãos 'farristas', que estão preocupados só com a passageira alegria dessa vida e oferecer-lhes a plenitude da felicidade. E nos momentos de alegria nessa vida, demos graças a Deus, e saibamos reconhecer que isso vem da Misericórdia Divina. No mais, é luta, dor e sofrimento, pois não lutamos contra seres de carne, e sim contra principados e potestades.
    COMBATEI O BOM COMBATE!
    Que desça sobre nós a bênção de Deus pelas amáveis mãos de Maria.

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  3. Gostei!! gostei demais... e dentre as coisas que você citou não gostar mais, eu coloco várias outras coisas e como primeiro da lista: a bebida!
    Sim, a bebida que tanto bebi! rs
    Eu bebia mesmo, achava o máximo... mas a bebida causa tanta merda na vida e nas famílias que peguei nojo... eu falava tanto mal da embriaguez alheia, dos pais de família que se diziam cristãos e por tráz dos bastidores bebiam e tratavam mal a família da própria casa, eu falava tanto mal, apontava e não via que eu também bebia e poderia proporcionar isso futuramente na minha vida. Não estou citando nome e tampouco dando indiretas, ok?? Pq na verdade quem está lendo e se identifica já basta pra mim... E estou falando do que eu vejo corriqueiramente. Quem eu não vejo no meu dia-a-dia não precisa se sentir ofendido... eu só coloquei isso, pq é uma coisa que estava me matando de raiva, sabe? e por isso cortei esse mal da minha vida, pq cá pra nós, é mais que óbvio que devemos ser cautelosos com tudo... mas a bebida em si, faz vc fazer um monte de merda e depois colocar a culpa nela... Acredite, quando me revolto com uma coisa, eu me revolto com força! rs...
    Quanto às programações de Tv, geralmente eu não assisto pq sei que a maioria são anticristãs (com raríssimas exceções) e nos influência a coisas horrorosas. Quanto ao carnaval eu abomino, sempre odiei em toda minha vida.. não aguentava ver um monte de mulher pelada e homens ridiculos se achando no meio delas e outros abestados torcendo por isso. Sempre odiei e mesmo quando eu não me preocupava em ser cristã eu já achava isso anticristão. rs
    Gostei desse artigo exatamente por isso... pq é bom que todos nós fiquemos espertos quanto a tudo que nos tira da salvação.

    abraços!

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  4. Oi Paulinha, mais uma vez obrigado pela participação. Não citei no texto ou no comentário nada a respeito da bebida pois ative-me tão somente a práticas ou gostos que atentam contra a fé e a moral de forma objetiva. E, objetivamente falando, a bebida é neutra. Encontramos nas Sagradas Escrituras passagens que exaltam o lícito prazer de seu uso moderado (incluindo a primeira manifestação milagrosa de Nosso Senhor diretamente relacionada ao vinho, que se fosse mau por natureza teria sido abominado por Ele, certamente), bem como condenações veementes ao pecado de seu excesso (embriaguez). No caso em que você colocou, trata-se da embriaguez e suas consequências negativas (beber e maltratar a família, por exemplo). Às pessoas que quando bebem, perdem o controle e agem de forma moralmente má (seja tornando-se gratuitamente agressivas, seja entregando-se à devassidão e promiscuidades ou a qualquer outra forma de ofensa a Nosso Deus), o abandono dessa prática deve ser imediato sob pena de se perder a salvação da própria alma. Não sei se o seu caso era exatamente esse (ou poderia vir a tornar-se como você cogitou), em todo caso, ainda que não fosse, seu testemunho continua válido uma vez que nada do que se abra mão nessa terra, ainda que se trate de prazer lícito por amor de Nosso Senhor, ficará sem recompensa, além de servir como incentivo a quem eventualmente queira fazê-lo e esteja precisando dessa luz. Sugiro que além de manifestar seu testemunho como fez aqui, você se una à Virgem Santíssima em oração misericordiosa pelos que arrastados pelo vício não encontram força para se libertarem. E isso serve para todos os vícios que, de alguma forma, comprometam a caminhada espiritual que todo ser humano deveria fazer. Abraço e fica com Deus!

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  5. Concordo em alguns pontos deste texto lindo e fantasioso, embora não cabemos julgar os membros de uma comunidade e nen apontar seus defeitos, pois só eles sabem os motivos que levam a estar na missa aos domingos e não em uma festa, já que o mesmo está la buscando a Deus da forma dele, e isso pra Deus já é uma ovelha que poderia estar perdida em seu pasto, amamos Deus e cremos em sua misericordias isso com certeza, pois se não! não estariamos em uma igreja, e sim em um baile funk por exemplo, cada um busca a Deus da forma que consegue e o importante é isso estar com Deus e se apoiar nele, evangelizando e trabalhando em pró disto, cada um com sua forma de ser e agir pois Deus não quer que mudamos nossa personalidade e se robotizamos membros de uma comunidades, Deus nos fez sua imagem e semelhança então nada me deixa mais feliz de ser quem eu sou de verdade, de ser quem Deus me fez,se eu fosse igual a vc ñ seria eu mesmo, não seria verdadeiro comigo, e sim quem vc julga ser melhor para a igreja catolica.

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  6. Vou entender o adjetivo "lindo" em relação ao texto como um elogio e o "fantasioso" como evidência de que a carapuça serviu. Passo à margem do restante do seu comentário (quase incompreensível tanto pelos erros de português quanto pela incoerência) para fechar afirmando que não julgo quem é melhor para a Igreja (volta lá e lê novamente o texto, não o fiz em momento algum). Se o ser "melhor" significa ser "santo" quem o faz é próprio Senhor por sua palavra e seu ensinamento dado mediante a Igreja há dois milênios. Ademais, fica uma boa dica para ti: comece a ser "melhor" saindo do anonimato para que possamos debater com maior transparência.

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