A missão dos leigos na Igreja e no mundo

Por muitos séculos a missão dos leigos na Igreja foi esquecida. Sempre soubemos que a missão da Igreja é evangelizar, no entanto tal encargo parecia estar muito mais concentrado nas mãos do Papa, dos bispos, padres e demais religiosos e religiosas. Os leigos sempre foram vistos como meros auxiliares dos religiosos, sem uma característica própria na missão evangelizadora deixada por Cristo à sua Igreja. A começar pela confusão que o próprio nome sugere, pois conforme o dicionário, leigo é aquele que desconhece determinado assunto, ou ao menos não possui conhecimento suficiente para expressar sequer uma opinião considerável, ou seja, é “leigo no assunto”. O Catecismo da Igreja Católica nos traz, porém, uma definição diferente, pois no âmbito da Igreja, o leigo é membro do corpo de Cristo não vocacionado à vida religiosa ou ao Sacramento da Ordem. Trata-se portanto, da grande maioria dentre os católicos espalhados pelo mundo. Entretanto, apesar de existir em tão grande número, a participação dos leigos no ministério e missão da Igreja permaneceu pouco claro até os anos 1960 (época da realização do Concílio Vaticano II). Em 1988, à luz do citado concílio, o Papa João Paulo II nos presenteou com sua exortação apostólica Christifideles Laici (Os Fiéis Leigos), esclarecendo a vocação e missão dos leigos na Igreja e no mundo.

O documento aponta com clareza para a necessidade de que você leigo, que está lendo este artigo agora, seja efetivamente um evangelizador. Abrace esta missão (que é da Igreja) como sua, pois você é batizado e por isso mesmo, obrigado a evangelizar. E mais... no nosso caso (leigos), tal missão deve se realizar no mundo, no nosso trabalho, escola, rua, entre nossos familiares e amigos. A Igreja percebeu que este alcance não seria possível não fosse a figura do leigo. Ou seja, padres, bispos, freiras e demais religiosos não poderiam atingir esses meios sociais e em certos casos, são até mesmo proibidos pelo papa, por desvirtuar a essência de suas vidas religiosas (elegerem-se para mandatos políticos, por exemplo). Portanto, a cargo de quem ficaria esta missão no mundo (missão secular)? Quem deve ser o juiz, o médico, o professor? Quem deve ser o deputado, senador, presidente? Quem deve trabalhar nas empresas, nas repartições públicas? Resposta: VOCÊ, LEIGO! Só que a grande diferença é que seu objetivo ao realizar esses serviços no mundo (desde o mais singelo e discreto ao mais complexo e notável) não é buscar seus próprios interesses, mas construir, no seu ambiente de trabalho, o Reino de Deus! É levar liberdade onde há opressão; justiça onde muitos sofrem injustiças; é falar de Deus onde Ele foi ou está sendo esquecido; é levar honestidade onde há corrupção; levar santidade onde só há imoralidade! Isto é evangelizar! Isto é ser leigo! Não podemos permitir que o mundo seja contaminado pelo ateísmo, pela opressão, pela corrupção... Devemos ocupar os postos com a fé e justiça dignas de verdadeiros cristãos, ainda que isso possa nos custar a vida pois isso é seguir a Cristo!

Para finalizar esta reflexão, reforçando a importância da sua dedicação à missão, cito, na íntegra, as palavras do Papa João Paulo II (Christifideles Laici, pág. 11): “Novas situações, tanto eclesiais como sociais, econômicas, políticas e culturais, reclamam hoje, com uma força toda particular, a ação dos fiéis leigos. Se o desinteresse foi sempre inaceitável, o tempo presente torna-o ainda mais culpável. Não é lícito a ninguém ficar inativo.” (grifos meus).

Leigos, despertem! Evangelizar é missão de todos nós!

Na paz de Jesus e no amor de Maria,

Jeansley de Sousa