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5 de junho de 2011

Onde está nossa esperança?

Atualmente, o progresso da ciência é uma das coisas que mais nos surpreendem. Como não ficar maravilhado com a informática ou com o avanço da ciência na medicina. Talvez seja por isso que, quando X tenta convencer Y de algo, um dos argumentos mais usados é: “isto é cientificamente comprovado”. Se você não passou por esta situação pode ter certeza que ainda vai passar. Porém, o que isto tem haver com o nosso blog? Respondo: muita coisa, pois os homens estão colocando a esperança num mundo melhor na ciência ou em estruturas políticas, cientificamente pensadas, como os vários tipos de democracia, por exemplo. E onde devemos colocar a nossa esperança? Com essa pergunta começaremos a entender o que a ciência e política têm a ver com nossas esperanças, mas para isso peço paciência àqueles que não são habituados com filosofia ou história, pois se faz necessário um pouco das duas disciplinas para melhor compreensão do artigo. Prometo que tentarei ser breve e claro, para que vocês não desistam da leitura.

Como sabemos antes do pecado original a relação entre o homem e a natureza era perfeita, contudo, após o pecado acontece a separação, como narra São Paulo na carta aos Romanos (8, 20-21) “pois a criação foi sujeita ao que é vão e ilusório, não por seu querer, mas por dependência daquele que a sujeitou. Também a própria criação espera ser libertada da escravidão da corrupção, em vista da liberdade que é a glória dos filhos de Deus.”

O filósofo Francis Bacon (1561-1626) olhando o desenvolvimento da ciência no tempo moderno (descoberta da América e as novas conquistas técnicas) conclui que o homem conseguiria através da ciência a reconciliação com a natureza. Até então, o homem esperava a redenção na fé em Cristo para que a reconciliação ocorresse. Agora, segundo Bacon, a redenção está na ciência. Esta visão foi crucial para o mundo moderno e ainda hoje sofremos as conseqüências dela. As pessoas entregaram sua confiança à ciência e cada vez mais abandonam a fé. O progresso da ciência era a base para o desenvolvimento de idéias que colocavam em choque a Fé, cultivada pela humanidade durante séculos e a Razão de filósofos como Bacon, pois a partir desse momento a ciência parece garantir a redenção da humanidade e uma vida melhor para todos.

Esta visão racional do mundo foi transportada para a política com a revolução francesa, que tenta instaurar o domínio da razão no mundo. Com o passar do tempo o progresso da ciência levou o mundo à revolução industrial, tão conhecida por nós no ensino médio. Porém, devido às condições terríveis dos trabalhadores na época da revolução industrial, entra em cena a crítica de Karl Marx (1818-1883) que entende que os trabalhadores (proletariados) devem, a exemplo da revolução francesa, tomar o poder e por fim as injustiças sociais e seguir rumo à salvação dos homens. Novamente Deus é posto de lado, já que a redenção proposta por Marx acontecerá com a eliminação da luta entre burgueses (ricos) e proletariado (pobres). Em um mundo onde os homens não teriam direito à liberdade, mas que eliminaria as injustiças através da igualdade entre todos. Muitos acreditaram e acreditam até hoje que podem fazer um mundo melhor sem convidar Deus para participar.

Espero que tenham suportado esse pequeno resumo da idade moderna. Após estas considerações poderíamos julgar que a Igreja tem algo contra a Razão, o que não verdade. O que ela espera é que a razão seja sujeitada a fé, pois esta consegue enxergar muito além do mundo material, isso não quer dizer que devemos renunciar a razão. Seguiremos o ensinamento de Santo Agostinho "Creio para entender e entendo para crer" e mais ainda, como nos alerta João Paulo II na Encíclica Fides et Ratio: "a fé não teme a razão, mas solicita-a e confia nela. Como a graça supõe a natureza e leva-a à perfeição, assim também a fé supõe e aperfeiçoa a razão.

A recomendação é que não apostemos todas as nossas esperanças na ciência ou na política, frutos do racionalismo moderno. Isto acontece bastante, um bom exemplo é quando deixamos de ouvir a voz de Deus através da Igreja, que afirma que a vida começa na concepção, ouvindo a voz da ciência que várias vezes nega esta tese. Acontece, ainda, quando querem fazer da Igreja um palco para luta de classe ao estilo de Karl Marx, como ocorre na teologia da libertação, onde Jesus deixa de ser Cristo e passa a ser um revolucionário. Enfim uma vida melhor é conquistada através da oração e da comunhão com a Igreja e seus sacramentos e não em tubos de ensaio ou em revoluções. Não é a ciência ou a política que redime o homem e sim o amor de Deus, qualquer outra coisa é passageira e sem sentido para nossa vida. Concluindo, pediremos a Deus sabedoria e humildade para ouvir a Igreja, mesmo nos momentos mais complicados de nossa vida, onde colocaremos de lado a nossa razão para seguir pela Fé. Assim, daremos a resposta ao Amor incondicionado que encontramos no Crucificado e viveremos em paz, com a certeza de que nossa esperança está em Deus que fez o Céu e a terra.

Josimar Costa é filósofo formado pela UnB e membro do ECC da Igreja Católica

4 comentários:

  1. Não à toa, a virtude teologal da esperança é simbolizada pela âncora. Âncora essa a ser lançada para o céu! O que significa dizer que nós, cristãos, caminhamos com os pés no chão (à luz da razão) porém, ancorados no Céu (à luz da fé)!

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  2. Ianê Rodrigues Lemos5 de junho de 2011 às 22:53

    Conhecer a Igreja Católica através da leitura e estudo do Catecismo e da Sagrada Escritura foi de suma importância para ancorar minha esperança em Deus." Creio para entender e entendo para crer."

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  3. Josimar, quero te parabenizar e, ao mesmo tempo, agradecer por tão belo artigo, muito bem escrito e também muito atual. Que fiquemos atentos e firmes a tudo o que vem acontencendo, para que não percamos o verdadeiro sentido de nossas vidas, que é seguir e testemunhar Jesus Cristo, sermos valentes na defesa da nossa fé. Obrigada!

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  4. Obrigado pelas palavras e rezemos para que Cristo nos fortaleça na luta diária rumos à salvação.

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