Sugestões para quem pretende se casar um dia

Esse final de semana tive a honra de, juntamente com minha esposa, apadrinhar um casal que se propôs a viver o enlace matrimonial sob as bênçãos de Deus e da Igreja. Inspirado pela cerimônia, mui bela por sinal, e pela véspera de meu oitavo aniversário de matrimônio, resolvi escrever algumas sugestões a você que pretende se casar um dia.

Luzes, pompas, luxo, glamour, festa... tudo isso não passa de capricho absolutamente dispensável para que se derrame sobre os noivos o sacramento de Cristo. Não quero com isso afirmar que tais caprichos estão errados, quero apenas dizer que se querem buscar dicas de decoração ou buffet estão no blog errado. Está em tempo ainda... vai no Google e pesquisa outro...

O que verdadeiramente importa para que o sacramento aconteça é o conhecimento mútuo dos noivos, o consentimento em viver para sempre um ao lado do outro, o compromisso de ambos em caminhar neste mundo conforme o Evangelho de Nosso Senhor, aceitando os filhos que Ele mandar, educando-os na fé católica. Nesse sentido, (e aqui vai a primeira dica para a cerimônia) é elementar para a coerência do momento, que os padrinhos sejam casais referência na vida da noiva e do noivo respectivamente. Não importa se serão apenas dois casais (abro parênteses para comentar o quanto é constrangedor participar de casamentos em que o número de padrinhos supera o de convidados, sobretudo se você estiver no número dos desprezíveis, digo, dos convidados, sugiro que entre na fila dos padrinhos... ninguém vai notar...).

O fato é: seja nos tempos antigos, seja nos dias atuais, o povo não sabe casar. Bagunçam tudo! Invertem valores, atropelam a essência da cerimônia e ainda saem com raiva se o celebrante, zeloso de seu ofício, gasta alguns minutos em botar ordem na casa. Fotógrafos sobem e descem do altar como se fossem anjos (só que sem a autorização divina), pessoas mais preocupadas em observar as roupas umas das outras, parecem participar de um desfile de modas. Gente! Estamos na casa de Deus! Igreja! Diante do altar do sacrifício!

Falando da essência do sacramento em si, nos tempos antigos, os casais eram obrigados a se casar, pois o interesse que norteava o matrimônio estava muito mais atrelado às aspirações materiais das famílias que ao consentimento dos noivos. Vício esse adquirido ainda antes de Cristo. Quando Cristo veio a elevar a união matrimonial à categoria de Sacramento, a Igreja com o tempo passou a compreender seu real significado. O que não quer dizer que a sociedade tenha feito o mesmo. A sociedade foi de um extremo a outro sem encontrar o equilíbrio querido por Deus e ensinado pelos Apóstolos e seus sucessores, isto é, saímos do absurdo dos enlaces não consentidos, para o absurdo dos enlaces sem Deus, vazios e programados para durar pouco, seguindo a tendência da moda.

Se você vai casar, aproveite o tempo de namoro e de noivado para conhecer a pessoa com quem está se relacionando (e esse conhecer diz respeito ao diálogo, não ao sexo... antes que me interpretem mal), consciente de que a paixão é como o vento: vai e vem sempre... e não é ela que deve fundamentar sua decisão. O seu consentimento deve estar enraizado em Deus, consciente de que ambos buscarão o Reino dEle juntos, na saúde, na doença, na tristeza, na alegria, na riqueza, na pobreza...

Tendo consentido e firmado, desde antes, o propósito de fidelidade a Deus, ao sacramento, ao cônjuge, à família e à missão, escolham padrinhos que sejam referência em semelhante caminhada. Não os escolham por consideração de amigo de copo ou de fofoca. Você já é grandinho(a) e vai assumir responsabilidades maiores, escolha pessoas que pela experiência, pelo conhecimento e caminhada em busca da santidade, estão aptas a servir de modelo e, se necessário for, terão um bom conselho para os momentos de tribulação pelo qual vocês venham a passar.

Pensem também em escolher um celebrante (seja sacerdote ou diácono) coerente com os ensinamentos Católicos, que no momento da celebração transmitirá a mensagem de Cristo e da Igreja e não teoriazinhas furadas sobre o relacionamento a dois (repetindo bordões infantis, veiculados aos montes por artistas, apresentadores de TV e afins). Pois se você e os convidados quisessem assistir a isso, teriam ficado em casa vendo o Faustão ou a Xuxa.

Por último, jamais caiam na tentação de repetir o cômodo ditadozinho vagabundo que diz: “juntado com fé, casado é”. Tal frase deve ter sido criada por algum corno revoltado. Casar na Igreja significa receber oficialmente as bênçãos de Deus e isso não deve ser desprezado por quem nEle acredita. Ainda que por algum motivo você esteja impedido de receber essa bênção especial (como por exemplo, os casais de segunda união) isso não é motivo para erguer essa bandeira do desprezo em relação ao Sacramento. Peçamos à Santa Mãe de Deus a graça de compreendermos cada dia mais o valor desse sacramento que a sociedade vem, burramente, declarando como falido.

Na paz de Jesus e no amor de Maria,

Jeansley de Sousa