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12 de agosto de 2011

Sobre as virtudes cardeais parte II

Dando continuidade a meu artigo anterior, onde falei sobre as virtudes cardeais, analisaremos, agora, a temperança e a prudência, completando o quadro das virtudes cardeais.

Primeiramente falarei sobre a prudência. Porém, antes de falar da utilidade desta virtude para nossa caminhada, esclareceremos seu conceito católico, pois ao consultarmos o dicionário Aurélio nos defrontamos com a seguinte definição: “Qualidade de quem age com moderação, comedimento, buscando evitar tudo o que acredita ser fonte de erro ou de dano.” Este não é sentido católico do vocábulo. A palavra prudência tem origem latina e designava, tanto para Aristóteles quanto para Tomás, a arte de usar corretamente a razão no momento de decidir. É através desta virtude que aplicamos sem erro os princípios morais aos casos particulares e superamos as dúvidas sobre o bem a praticar e o mal a evitar. Segundo o CIC: §1806 A prudência é a virtude que dispõe a razão prática a discernir, em qualquer circunstância, nosso verdadeiro bem e a escolher os meios adequados para realizá-lo. "O homem sagaz discerne os seus passos" 4,7). A prudência é a "regra certa da ação", escreve Sto. Tomás citando Aristóteles. Não se confunde com a timidez ou o medo, nem com a duplicidade ou dissimulação.

Após estas citações não restam dúvidas de que a prudência católica está distante do conceito dado pelo dicionário Aurélio, pois ela é na verdade um agir correto da nossa razão e não um deixar de agir. Desse modo, quando falamos que uma pessoa é cautelosa, isso não quer dizer que ela seja prudente, pois prudência é agir e cautela é deixar de agir, enfim elas não são palavras sinônimas.

Nesta vida temos que fazer várias escolhas no intuito de realizar o bem e evitar mal. O homem prudente, tendo o conhecimento, sabe agir. Por outro lado, a pessoa imprudente sofre, já que não utiliza a razão na hora de tomar suas decisões e mais cedo ou mais tarde sofrerá as conseqüências desta precipitação. Não é difícil encontrar gente que se arrepende amargamente por não ter pensado melhor em certa situação. Conhecemos pessoas que são precipitadas no trabalho, estudo ou na vida amorosa, agem sem refletir e apenas mais tarde enxergam o que fizeram de sua vida. Que Deus nos proteja desse mal.

Há também outro grupo de pessoas imprudentes, aqueles que se dizem livres, entretanto, não usam desta virtude antes de agir, entregando-se as coisas mais desprezíveis, onde geralmente estão presentes (TER, PRAZER ou PODER) como afirma Jeansley: “Pois se a constatação for a de que ele interessa-se somente pelo trio (ou qualquer deles isoladamente): TER, PRAZER ou PODER, temos aí um escravo de carteirinha, idêntico à massa porém, bisonhamente, julgando-se livre.” Percebendo-a como o uso correto da razão, devemos por em prática a prudência, pensando muito bem antes de tomar qualquer decisão, uma vez que está em jogo fazer o bem e evitar o mal. Do contrário, passaremos a tomar decisões precipitadas, achando que somos as pessoas mais livres do mundo, fazendo, bisonhamente, parte da multidão iludida.

Há de se registrar também, que em termos de hierarquia ela é a mais nobre das virtudes cardeais, uma vez que as outras três aperfeiçoam o apetite, enquanto ela está mais próxima da razão. Dessa maneira, as outras três são guiadas por ela.

Agora falaremos sobre a temperança. Esta é a virtude cardeal que funciona como um freio para nossa alma. Ela nos ajuda a utilizar dos bens temporais com moderação sejam eles: comida, bebida, sono, diversão, sexo, conforto, etc. Lembrando que tudo o que Deus Criou é bom, todavia, devemos utilizar as criaturas na hora certa, no tempo certo, na quantidade adequada. O papel desta virtude é nos ajudar a desfrutar das criaturas de forma correta, fazendo com que não nos entreguemos a nenhuma delas. A temperança nos proporciona um prazer muito maior, já que ele estará acompanhado da verdadeira liberdade.

Concluindo o raciocínio, as virtudes morais têm finalidade prática para nossa vida cristã, ajudando-nos a compreender e exercitar nossos deveres do cotidiano. Lembremos sempre de praticá-las diariamente, não por uma “sabedoria” qualquer, mas pelo desejo de agradar a Deus.

Bendigamos ao Senhor. Demos graças a Deus.

Josimar Costa é filósofo formado pela UnB, membro do ECC e da Catequese da Paróquia Nossa Senhora Aparecida – Samambaia/DF.

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