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2 de agosto de 2011

Mendigo ou milionário: só importa que seja santo!

Confiar na Providência significa não possuir planos senão aqueles que estão diante do próprio nariz. Isto é, ir fazendo o que se nos apresenta como caminho mais óbvio, desde que tal caminho não seja o da injustiça ou da desonestidade. Deus abre portas e ilumina o caminho a seguir àqueles que decidem como metas de suas vidas abrir-se à vontade divina, construir o Reino dEle.

Exemplo que costumo utilizar muito (e talvez já até tenha postado aqui neste blog) diz respeito ao início da caminhada de São Francisco de Assis. Em um momento de profunda oração, o santo da cidade de Assis, na Itália, compreendera as palavras do Senhor que lhe ordenara: “Vai e reconstrói a minha Igreja que, como vês, está em ruínas”. No entanto, Francisco não as compreendeu em seu verdadeiro significado. Talvez se tivesse parado para analisar tais palavras, levaria anos a interpretá-las e, em um mundo ainda não globalizado, esses anos estender-se-iam ainda mais até que o santo compreendesse a real situação vivida por religiosos e religiosas em todo o mundo católico, a começar pelo próprio papa. Mas não foi o que fez Francisco. O pobre de Assis cumpriu ao pé da letra a ordem do Senhor e tratou de catar pedras e tijolos e, em um serviço braçal, reergueu a igrejinha de São Damião, nas proximidades de sua cidade. E foi exatamente graças a essa disponibilidade de não traçar grandes metas, mas antes abrir-se aos planos de Deus tal qual sua compreensão lhe permitira, que foi possível ao Santo Espírito de Deus conduzir, de tijolo em tijolo, o pobre de Assis a reconstruir a Igreja inteira, renovando nos corações o ardor do Evangelho que muitos haviam perdido.

A maioria das pessoas tem buscado força na palavra de São Paulo que afirma: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Esquecem-se porém, de observar que o Apóstolo dos gentios imediatamente antes de tal afirmação e para que a mesma pudesse acontecer em seu real contexto, afirmara: “Sei viver na riqueza, sei viver na pobreza”. Em suma, nossa vida deve ser um instrumento nas mãos de Deus, disposta interiormente a tudo que seja edificante no Reino dEle. Quer sejamos mendigos, quer sejamos milionários, trabalhemos com afinco naquilo que se nos apresenta diante dos olhos como caminho de Deus.

Teoricamente, penso que tudo isso esteja claro e fundamentado o suficiente em diversas passagens bíblicas, por exemplo, onde o próprio Cristo não cessa de afirmar que quem deve se preocupar com o comer e com o vestir são os pagãos, ou em outro momento quando nos pede que observemos os lírios dos campos e as aves do céu. Enfim... a natureza tão bela e tão bem provida em seu sustento e beleza, sem que tenham tido o trabalho de plantar ou colher, mas vivendo exclusivamente da Providência Divina. Não quero com isso dizer que você, ser humano, deva parar de trabalhar, cruzar os braços e esperar que o alimento lhe caia dos céus. Nem mesmo o próprio Cristo quis dizer isso! Aliás, para bom entendedor, fica clara a mensagem: não trace metas grandiosas, não ande preocupado com coisas secundárias e materiais, busca o Reino de Deus em tudo o que fizeres neste mundo que tudo o mais lhe será dado por acréscimo (isto é, não busque o acréscimo). Ilustrando a dinâmica entre o Reino e o acréscimo, basta lembrar que pelas mãos de São Vicente de Paulo passou mais dinheiro e riquezas do que pelas principais instituições financeiras da época... E mesmo assim, optou o santo por viver na simplicidade, colocando todas essas riquezas que lhe chegavam às mãos, a serviço de Deus e dos necessitados. Infindáveis exemplos poderiam ainda ser citados aqui: reis ou escravos, cada qual fazendo aquilo que o próprio Deus traçara: fiéis a Deus, mediante a obediência à Santa Igreja Católica e seus perenes ensinamentos. Isso quer dizer, meus amigos, que teremos trabalho. Muito trabalho! Mas o trabalho não é para conseguirmos sucesso, realizações pessoais, sonhos de consumo etc. etc. O trabalho é para o Reino que não terá fim! E é nessa perspectiva que desejo a todos que sejam bons mendigos, bons garis, boas empregadas domésticas, bons juízes, bons artistas, bons pais, boas mães, bons religiosos, bons servidores públicos, bons empresários, bons estudantes... Cada qual no caminho em cujas portas o Senhor lhes abra... Bons no sentido mais santo que a palavra BOM possa representar!

Na paz de Jesus e no amor de Maria,
Jeansley de Sousa

Um comentário:

  1. O grande problema dessa teoria é a prática. Ou melhor, a não prática. Se as pessoas ousassem praticar verdadeiramente o Evangelho, perceberiam que a frase dita por muitos mas compreendida por tão poucos é muito verdadeira: “Nada é coincidência, tudo é Providência!”

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