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5 de maio de 2011

O Jesus que ninguém quer ver

No Antigo Testamento muitos profetas foram perseguidos por causa da verdade. Os profetas, ungidos por Deus, falavam com clareza toda a verdade que o povo necessitava (ainda que não quisesse) ouvir! A título de exemplo, Jeremias, por causa da verdade, foi lançado a uma cisterna onde padeceu dias angustiantes (Jr. 38, 6). Jamais teriam agido com tanta crueldade, se Jeremias fosse um homem polido, contido e discreto. Já o profeta Daniel: é popularmente conhecido como o “Daniel da cova dos leões” não é à toa: a verdade incomoda tanto, que é muito mais cômodo lançar quem a pronuncia às feras, que tolerar suas palavras.

Ainda na onda dos profetas, o último e maior deles, João Batista, teve seu corpo enterrado enquanto sua cabeça era servida na bandeja (literalmente) aos homens que não suportavam mais ouvi-lo chamando-os de raça de víboras ou denunciando o pecado de Herodes, que possuía a mulher de seu próprio irmão.

Bom... você pode me dizer que essas são reflexões do tempo do “olho por  olho, dente por dente”. A argumentação fácil e na ponta da língua de quase todos os cristãos é a de que Jesus mudou tudo isso, pois ele veio trazer a paz e a concórdia. A estes, o próprio Jesus responde, não sem antes repetir a mesma indagação: “Julgais que vim trazer paz à Terra? Não, digo-vos, mas separação!” (Lc. 12, 51)

Os cristãos (a maioria deles), acomodados que estão em suas vidas medíocres, resolveram criar um “jesus” menos polêmico. O “jesus” de hoje se escreve assim mesmo, com letras minúsculas, pois acostumou-se aos pecados, relativizou a fé e a moral e está decidido a levar para o “céu” (também com letras minúsculas) todos os corruptos, adúlteros e toda a corja de mentirosos, no mesmo barco daqueles que suam sangue para viver dignamente os valores do Evangelho. Todos, independentemente do que façam, serão felizes para sempre, afinal “jesus” é bom e o “céu” não tem porteiro!

Quem pensa assim, esquece-se que Jesus (agora o verdadeiro) não deixará jamais de ser justo. A misericórdia não anula a justiça e nem legitima ninguém a fazer o que bem entender nessa vida, sem arcar com as consequências neste mundo e na eternidade. A essas pessoas que, com o coração tão apegado a esse mundo, criam suas próprias religiões e seus próprios deuses, o Jesus verdadeiro, a quem não querem ouvir, diz: “Raça de víboras, maus como sois, como podeis dizer coisas boas? Porque a boca fala do que lhe transborda do coração.” (Mt. 12, 34) E o coração dessa gente transborda de anseios materiais (buscados, ainda que à custa de trapaças) e, portanto, não suporta ouvir palavras de justiça contra si, preferindo mudar de deus à mudar de vida!

Ilustrando ainda mais o verdadeiro Jesus, em passagens diversas das escrituras:

“Fez ele um chicote de cordas, expulsou todos do templo, como também as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos trocadores e derrubou as mesas.” (Jo. 2, 15)

“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros caiados: por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de podridão.” (Mt. 23, 27)

Tão duras eram suas palavras contra os orgulhosos e hipócritas, que chegaram a tentar precipitá-lo do alto de um monte (Lc. 4, 29). Tudo isso sem contar a forma cruel como foi torturado (física e moralmente) e morto. Definitivamente, se Ele estivesse no mundo para passar a mão na cabeça de todos e fazer média com os poderosos, não teria tido essa condenação tão humilhante. Pois ser vítima de tamanho ódio sem ter cometido crime algum, é típico de quem andou colocando o dedo na ferida moral de gente que não queria ser incomodada do alto de sua soberba. No reino da hipocrisia e do politicamente correto de hoje, Jesus seria novamente crucificado, quiçá condenado pelo “jesus”.

Ao que me parece, o “jesus” criado pelos cristãos de hoje, seria incapaz de repetir as ações e palavras do Jesus de ontem (o narrado na Tradição Apostólica e nas Escrituras). E os cristãos parecem não perceber que um dos dois é falso e foi criado, tão somente, para legitimar a cômoda omissão da maioria dos que dizem segui-lo.

Aos que chegaram ao final desta leitura e optaram por teimar no seguimento ao “jesus” moderno e político, informo-lhes que o nome dAquele que ressuscitou e está vivo em nosso meio, escreve-se com letra maiúscula e exige de nós, postura condizente com a justiça; sem meio-termo; sem média com o mal e em plena harmonia com Sua Santa Igreja, que é igualmente perseguida por causa da verdade.

Na paz de Jesus (e não do “jesus”) e no amor de Maria,
Jeansley de Sousa

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